segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Memória da reunião da Rede Museus, Memória e Movimentos Sociais - 23/01/2007

Inicio da Reunião

José do Nascimento Junior (diretor do Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN) - O objetivo deste encontro é reunir pessoas que trabalham com movimentos sociais, visando o desenvolvimento de ações concretas no campo da memória, do patrimônio e dos museus e a criação de uma rede temática de grande capilaridade

Mário de Souza Chagas (Coordenador Técnico do Departamento de Museus e Centros Culturais IPHAN) - O museu é uma ferramenta, é um lápis ou um computador, não é um fim em si. Algumas pessoas ainda associam museus a grupos de elite, mas hoje existem museus com outros perfis, que se assumem como práticas sociais. Em nosso entendimento o museu pode contribuir para o desenvolvimento das comunidades populares e os movimentos sociais. Para isso a ferramenta museu precisa ser democratizada. Só assim, ela contribuirá para o enfrentamento das questões sociais contemporâneas, e para preservação da memória dos movimentos sociais.

No DEMU nós imaginamos a reunião de hoje da seguinte forma: cada uma das pessoas presentes se apresenta e fala um pouco do seu trabalho, da sua instituição, e depois passamos para a construção de uma agenda onde poderemos pensar em ações que promovam o intercâmbio com o coletivo. Assim, as pessoas vão se conhecendo e trocando experiências.

Apresentação dos participantes

Ângela Mascelani (Diretora da Casa do Pontal) - Para fazer proposta, as pessoas têm que se preparar para que a agenda aconteça efetivamente, além da idéia, é preciso que ela tenha como se viabilizar.

Mario Chagas - Teremos que fazer novas reuniões que progressivamente possibilitem um maior nível de organização. O objetivo é reunir as pessoas e ‘medir a temperatura’, ver o que as pessoas querem, quais são as necessidades.

Vânia (Museu de Folclore) - Devemos voltar às instituições com as propostas levantadas, e na próxima reunião, voltar com a resposta da instituição.

Patrícia Coimbra (Museu da Limpeza Urbana do Caju) - Lá no Caju nós já temos trabalhos voltados às comunidades, concordo que tenham outras reuniões para o surgimento de novas propostas.

José Luiz (SEBRAE / economia criativa) - Trabalho com o Museu da Maré, com artesãs, e na vila do João com resgate da cultura negra. Outra instituição é o centro de memória da Rocinha.

Joana D’ Arc (professora da Unirio, Programa de Pós Graduação em Memória Social) - A parceria é boa até para que surja uma futura linha de pesquisa.

Regina Abreu (Unirio) – O “Favela Tem Memória” foi ótimo porque as pessoas que não conheciam o trabalho de outros grupos passaram a se relacionar. A experiência do Museu da Maré tem mexido muito com muita gente, é preciso valorizar a memória dos lugares que costumam ser esquecidos. O que é importante deste encontro, é que nós da universidade queremos nos aproximar das comunidades, atuar junto aos movimentos sociais. Foi feito inclusive um curso de extensão em parceria com o DEMU, onde foram trabalhados temas concretos, a Ângela Mascelani com o tema “Gestão em Museus e as OSCIPs”, a Vera Tostes falou do MHN, e começamos a perceber que há um interesse das pessoas em aprender com a experiência alheia. No II Fórum Nacional de Museus, em Ouro Preto, teve um seminário que ensinava com enquadrar em Lei Rouanet, em fim, temos que levantar as necessidades técnicas, operacionais, procurar experiências bem sucedidas, os museus de favela tem um potencial enorme, esses são apenas alguns pontos.

Mauriléia (Condutores de Memória - Borel) - Nós trouxemos, inclusive panfletos do nosso projeto que levantamos a memória das favelas da grande Tijuca. A nossa proposta é modificar determinadas questões através da memória. O nosso projeto é criar um Centro de Memória de toda a Tijuca, não só favelas, diminuindo assim, as desigualdades.

Luiz Antonio (Museu da Maré) - A nossa proposta e caminhar com o grupo, o Museu da Maré quer se articular,tem vários parceiros aqui, a articulação cria tentáculos dentro e fora da maré, as atividades não ficam dentro das comunidades, extrapola para o entorno, Manguinhos, subúrbios, é uma via de mão dupla, e este é um caminho para que a vias se multipliquem.

Nira Lima (Museu Olímpico Brasileiro) - O Comitê Olímpico Brasileiro está trabalhando para criar o MOB- Museu Olímpico Brasileiro. Museu é uma ferramenta assim como o esporte. No Departamento Cultural do MOB, nós aproveitamos os eventos esportivos para levar palestras, seminários. O COB organiza um evento chamado olimpíadas escolares, em outras cidades descentralizadas, e foi interessante, o nosso departamento assumiu a parte cultural. Dessa forma a criança tem acesso ao objeto simbólico do esporte que ela pratica, para a criança isso é importante, principalmente uma exposição, um bate papo sobre cultura, o esporte como dimensão social e sociabilidade.

Mario Chagas - Este é um espaço de trocas múltiplas e diversas relações, por isso é importante a participação de diversas instâncias, governo, universidade, comunidade, empresas, organizações não governamentais, indivíduos, etc.

Leandro (MAC e Ponto de Cultura) - Trabalho com jovens envolvendo cinema e vídeo. Essa articulação da reunião de hoje é importante para se pensar uma Rede. Dentro do MAC nós temos um projeto com a comunidade do entorno e teremos um núcleo dentro das comunidades, eu trouxe folder do projeto Arte Ação Ambiental

Álvaro Maciel (morador do Morro da Babilônia, vizinha do Chapéu Mangueira) - A Maré é uma comunidade que está sendo muito falada hoje em dia, e o Chapéu Mangueira já foi assim, tem uma história tremendamente rica, o Che Guevara esteve lá em uma reunião secreta. É importante contar a história das favelas, já que ninguém fala disso, as ruas só tem nomes de general, etc. Na Babilônia eu era vice-presidente, nós temos um prédio lá com várias salas vazias que podem ser disponibilizadas para atividades, queremos ensinar aos jovens a ter esse amor, esse estímulo de preservação da sua história.

Denise Lima (Ação Comunitária do Brasil – Maré, Vila do João e Cidade Alta) - Trabalho com gastronomia, moda, marcenaria, serigrafia, etc. Nós temos um trabalho voltado para a cultura africana, grupos de berimbau, e então desenvolvemos a coreografia, os bailarinos dançaram com os bailarinos de Ruanda, isso valoriza o trabalho das comunidades.

Isaura Maciel (Fundação São Joaquim de Assistência Social) - Sem valorizar a memória o ser humano não pode ser educado, não chega à cidadania.

Marlúcia (Município de Duque de Caxias) - Ligada aos movimentos sociais, Associação de Moradores, etc. Começamos a estudar História e vimos que lá não se fala em história, o resgate da memória foi esquecido. A partir daí criamos uma Associação de Professores Pesquisadores que foram para o mestrado pesquisar sobra a historia da região, trabalhar com depoimentos de moradores, etc. e a rede começou a se ampliar. As memórias valorizadas costumavam ser ufanistas, elitistas, mas o movimento camponês, as comunidades, os centros de candomblé e umbanda, essas memórias orientam a nossa produção, mas não estavam na academia. O movimento foi crescendo e, durante uma greve, chegamos a pedir o tombamento de uma casa, que nós chamamos de Museu a Céu Aberto. Na região existem vestígios de homens de vários tempos diferentes, desde os sambaquis até as favelas, reunindo vários tempos e realidades. Nós queremos fazer trabalho de campo na Baixada Fluminense e aquelas áreas que tem relações com a gente. A gente sai de ônibus, visitando os lugares. A partir daí, surgiu a criação do Centro de Referência do Município de Duque de Caxias, que apesar de todos os problemas, estão acontecendo cursos, e agora em março vai ter exposição.

Regina Santiago (Diretora de Cultura do Município de Tanguá) - A gente veio pedir ajuda, buscar parcerias, e a gente quer resgatar a história e memória local, mas o trabalho ainda esta tímido por falta de recursos, nós queremos buscar parcerias, temos pouco acervo mas queremos ajuda para criar um Centro de Memória.

Cristina Bruno (Museu de Arqueologia e Etnologia- USP) - Nós temos diversos programas, meu interesse é como professora, eu ministro cursos extracurriculares de museologia popular. Eu tive uma oportunidade de um projeto de museu da cidade para são Paulo, com esse tipo de museologia.

Ruth (Condutores de Memória – Borel) - Queremos fazer trocas de experiência e queremos também criar um centro de memória

Lucas (Casa do Pontal ) - Há 10 anos temos atividades com escolas públicas do Rio de Janeiro e ultimamente, depois dos Pontos de Cultura, existe um desejo de trabalhar com as comunidades do entorno do Museu de forma contínua, vão surgindo questões interessantes como por exemplo a Folia de Reis, estimulando a sociedade local a querer voltar a fazer a Folia de Reis, que talvez volte esse ano. Também deixo um folder do Museu.

Vanilda Campos (Presidente da ONG IDIS – Instituto de Desenvolvimento e Inclusão Social) - Eu vim pedir socorro! Nós participamos de um edital e ganhamos - Casa Brasil, em Vigário Geral que trabalha com inclusão digital. Todos conhecem Vigário Geral, mas existem coisas que as pessoas não conhecem, como o Zezinho do Ouro, ele era bandido e hoje é empresário, tem empresas levando atividade para lá, mas a mídia não fala, a intenção da Casa Brasil é a qualificação, tem espaço de exposição, ginásio, etc.

Lucas (Museu Casa do Pontal) - O Museu tem projeto de exposição itinerante que circula junto com o projeto educativo. As inscrições estão abertas para agendar.

Ligia Segala (Laboratório de Educação Patrimonial UFF) - Nós percebemos que era recorrente como aprendemos a desaprender sobre a cultura brasileira... Cultura brasileira é o que mesmo?...Por isso acho importante a preservação. Abrimos cursos sobre patrimônio, memória, com vagas para outros alunos que não são da Universidade, e daí começam a acontecer projetos de diferentes áreas, projeto de extensão com o Museu de Arqueologia de Itaipu (DEMU/IPHAN) com museus de Niterói com um trabalho mais sistemático, também procuramos levar nossos alunos a outros lugares, casa de artistas, museus, bibliotecas, para que eles tenham uma formação mais larga. Também acolhemos exposições, seminários, um movimento circular, as informações entram e saem, uma vez por mês nós temos um acontecimento, nós temos alguns projetos em andamento em São Gonçalo, Guaxindiba, que trabalham com saberes tradicionais em área rural, saberes de construção em terra. Nós agora retomamos o Varal de Lembranças na Rocinha, que era do tempo que eu alfabetizava adultos lá, nós agora vamos tratar esse material e disponibilizar para consulta pública.

Ana Cristina (Mestrado Unirio, tese sobre a preservação da memória do Chapéu Mangueira) - A gente registra a narrativa dos idosos da comunidade em vídeo, e tem como objetivo mobilizar e promover a reflexão dos mais jovens. O Chapéu Mangueira é muito rico em histórias, tem um balcão de artes para crianças de 0 a 99 anos, que trabalham com argila, etc., e que favorece muito as idéias que estão sendo expostas aqui

Alessandra Norato (pedagoga Guaxindiba) - Eu vivi no bairro e agora eu vou às escolas e conto historias com um livro de tecido. Tivemos como resultado, um movimento de reivindicação de uma praça para o local, as crianças fizeram um abaixo assinado, os pais entraram. Mas precisamos de ajuda.

Joana D’Arc - A minha tese de doutorado foi sobre a Chacina de Vigário Geral e fiquei muitos anos lá, acompanhando o processo, morei lá, tenho jornais e muito material sobre o assunto.

Maristela Pessoa (Santa Teresa) - Trabalhamos com a ressignificação do objeto, discutindo a questão do consumo, do descarte, fizemos oficinas para terceira idade, recolhemos depoimentos, desenvolvemos trabalhos com a Jac Carrara, e trabalhamos com o SEBRAE, com artesãos, com o resgate da identidade, e por conta do SEBRAE, eu conheci algumas comunidades, a Maré, o Observatório das Favelas, eles tem um banco de imagem. O trabalho deles reverte a imagem que a sociedade tem de favela, deixando de ser só lugar de violência. Esse grupo aqui hoje, tem coisas em comum, podemos trocar experiências.

Nádia (Pesquisadora da Bulgária) - Faço doutorado em Nova York, estudei sobre os centros culturais em Cuba e agora faço uma pesquisa acadêmica sobre o Museu da Maré, e possivelmente vou comparar com o Museu a Céu Aberto da Providência.

Victor Chagas (jornalista Overmundo) - Overmundo é um site colaborativo, o maior site colaborativo do Brasil. O diferencial é que temos correspondentes voluntários ou regulares em todo os estados do Brasil, recebemos, por exemplo, o contato do MIS do Pará, para um projeto de restauração. O endereço é www.overmundo.com.br.

Claudia (tese doutorado Museu Imperial) - A proposta é de tratar a memória não só como memória institucionalizada, e também das comunidades.

Moana (Casa do Pontal - ciclo de pesquisa) - É importante trazer a sociedade para dentro do museu, e as pessoas terem uma noção maior sobre cultura popular.

Nascimento Júnior - Não existe projeto de nação sem projeto de memória. O museu é uma ferramenta, não para uso das elites. O museu deve constituir as memórias, não só as das elites.

Luiz Antônio (ABM) - As comunidades, as universidades, todos estão fazendo e discutindo memória independente do curso, a sociedade está se organizando e mostrando para o Estado que estão se desenvolvendo independente dele. A ABM não é só de museólogos, e não é só de museus e centros culturais. Não é a memória da favela, é a memória do povo, da ocupação urbana, memória do Brasil, a gente não pode desvincular. Está mais do que na hora das escolas começarem a desenvolver disciplinas sobre patrimônio cultural, e nas universidades, formar os profissionais para trabalharem nesse processo. As pessoas estão começando a formar as organizações. As pessoas tem o verbo mas não tem a verba. A rede facilita a busca desses recursos.

Morgana (estudante coordenadora do RENEMU) - Congrega os estudantes de museologia no Brasil. Nós nos colocamos a disposição, para ajudar, e incorporar essa linguagem dentro da universidade.

Mario Chagas - É importante esse rito inicial da apresentação. O objetivo a seguir é identificar alguns pontos, possibilidades de troca. Identificamos a necessidade de formação especifica para lidar com esse campo. Tudo indica que existe um acordo no sentido de marcarmos outras reuniões, consolidar a rede.

Valdemir (ABM) - O Museu da Resistência surgiu de um debate, sobre museologia e poder, eu tinha um pensamento radical, de que o museu tradicional não poderia servir à democratização, e o Mario dizia que era possível usar as brechas institucionais. O Museu da Resistência era sobre os movimentos de lutas pelas quais passou o Brasil. Não seria um museu, não seria um espaço físico. Seria um fórum, de debate de idéias, e depois chegamos à conclusão que seria uma rede. Atuamos em diversas frentes. Outro dia, o Mário me perguntou o que sobrou disso? Vocês têm registro? O registro não era o fundamental. O acervo do museu são idéias. Será possível atuar nas brechas? Sendo esta a rede como algo permanente, porque não, fazer um museu de idéias? Mantendo a individualidade das ações, mas ao mesmo tempo mantendo as interligações.

Regina Santiago (Município de Tinguá) - Existem implicações práticas para conseguir financiamento, escrever o projeto para enquadrar e conseguir liberação de recursos, e isso muitas vezes é uma dificuldade.

Lucas - É importante saber o que é o projeto. Não adianta ter a capitação de recursos. Tem que identificar corretamente o objeto.

Nira (COB) - O COB pode apoiar, participar levando esporte para a comunidade. Nós fomos procurados pelo Pavão Pavãozinho e Cantagalo e nós levamos uma exposição de fotos e também alguns atletas aposentados e atletas novos, foi importante para as crianças. Eu sempre aproveito para falar sobre o esporte brasileiro, me coloco a disposição de todos para ir as comunidades levando o esporte.

Nascimento Júnior - O MNBA trabalhou em conjunto com o Museu da Maré, vai levar uma exposição de Dijanira. O MOMA vai a maré em junho, então o MNBA tem que fazer isso antes.

Mário Chagas - É importante que as ações no local tenham um potencial multiplicador, que reúna outras pessoas. Nós temos uma rede de pessoas dispostas, que querem fazer, desenvolver, são capazes, e elas acreditam em um Brasil mais participativo.

Luiz Antonio (Maré) - Entrando na dinâmica da rede, quando a gente trabalha com museu, é um trabalho que lida com um espaço de visitação, mas no caso da Maré é um espaço de trabalho de memória, com arquivo, tem a situação do museu, mas existe um trabalho antes dele, além dos arquivo de fotos, vídeo, história oral, contação de história, entrevista com moradores antigos, exposições itinerantes. Essas trocas são anteriores e possibilitaram o surgimento o Museu.

Álvaro Maciel (Chapéu Mangueira) - Lá tem condições de a gente estabelecer um curso. Foram dois alunos de museologia e eu recebi eles na minha casa, dei melancia com abacate. Falta de verba. Quando nós falamos de projetos, existem de 50.000 mil na Petrobras, a gente não tem como articular isso por nós mesmos, tem que se adequar às ações, tem rádio comunitária, tem prédio com salas vazias, etc., mas temos que tirar o diagnóstico das comunidades.

Nascimento Júnior - É importante que outras comunidades também façam como a Maré. É fundamental multiplicar essa experiência, isso é o “Pontos de Cultura”. O importante é a sustentabilidade social, a Maré existe antes do “Ponto de Cultura”, antes do MinC. Mais importante do que sustentabilidade financeira, é a social. Nós podemos colocar um “link” na página do Sistema Brasileiro de Museus, para que todos os projetos sejam disponibilizados e assim possamos divulgar o que está acontecendo. A Revista Musas, que é de reflexão, podemos fazer um dossiê sobre essas experiências, sobre memórias populares. Quem tiver interesse em uma oficina de restauração de fotografia, nós podemos articular com a Funarte, já que a fotografia é a base muitas vezes de manutenção da memória. A Funarte tem boas oficinas que orientam como conservar o suporte do papel fotográfico de forma criativa, barata e eficiente. Esse momento é um momento de reflexão sobre o que nós já fizemos nesses quatro anos. O que nos estimula é trabalhar com a realidade múltipla, respeitando as características de cada lugar e de cada grupo. Com os Pontos de Cultura a gente já tem 30 museus, agora está na hora de fazer o processo inverso, abarcar as instituições populares.

Mario Chagas - Uma coisa importante, nós operamos com uma noção de desestímulo do gueto. Não se trata de estimular movimentos que queiram se guetificar, por que o gueto é auto destrutivo. Os grupos dominantes querem que os movimentos se tornem guetos, porque isso os enfraquece, fora da disputa geral, só resta a briga interna. Se existe preconceito com as favelas, também existe preconceito com os museus. Eles são vistos como instrumentos das elites. Mas fazem parte do nosso patrimônio, e nós temos direito a essa herança, a essa memória. O Museu não é um instrumento de um grupo social, é de quem lançar mão.

Carlinhos (Maré) - Nós temos trabalhos para fazer, estamos chamando o governo para diálogo, e as outras pessoas, na Maré as coisas deram certo porque tem abertura com o DEMU, tem dialogo com a comunidade, e agora a gente pode dar passos mais firmes. Gostaria de saudar a iniciativa.

Claudia Rose (Maré) - Essa é uma iniciativa que não para aqui, nós reunimos experiências com o ISER, com o Favela Tem Memória, o encontro foi positivo, mas essa proposta vai além da troca de experiência. A proposta é que vire uma Rede e que se desenvolva para além disso. A ferramenta como o lápis, o dia que não servir a gente joga fora, mas agora nos serve. O Carlinhos lembrou bem: têm universidade, governo, comunidades, mas faltou a iniciativa privada!

Nascimento Júnior - A reunião está formada, mas o trabalho de articulação e de mobilização continua.

Reunião realizada no Ed. Gustavo Capanema, Rio de Janeiro - RJ, em 23/01/2007.

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