segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Terceira Reunião - Rede Museus, Memória e Movimentos Sociais

Apresentação


Mario Chagas - DEMU

Marlucia - Centro de Referência Patrimonial e Histórica da Memória de Caxias

Fátima - CEPEMHED

Aline – DA Museologia

Ludmila – DA Museologia

Rafael – Doutor em Ciência Política – foi convidado pelo Carlinhos e o pessoal do CEASM. Morou na África do Sul, e atualmente participa de uma Rede de Museus de Consciência pelo mundo que tem como objetivo o intercâmbio de instituições e o compartilhamento de informações. Agora tem tido mais contato com o mundo dos museus por conta dessa Rede.

Doca – Museus de Arte de Cabo Frio

Mário – Esta será a terceira reunião da Rede que estamos tecendo, e o objetivo é propiciar o intercâmbio, disseminar as informações. A Rede está dentro da área de atuação do DEMU

Na segunda reunião nós identificamos a necessidade de oficinas, e o Márcio já esteve em Caxias e deu a oficina de Plano Museológico.


Marcio Rangel – Foi ótima a oficina. Tinham umas trinta pessoas, começamos de manhã e quase fomos expulsos do local por causa do horário. As pessoas puderam falar de suas experiências, de suas necessidades, foi muito interessante.

Marlucia – Apresentação sobre a Rede de Memória e História de Duque de Caxias e Baixada Fluminense.

Apresentação sobre o XVI Congresso Nacional de Museus – Morgana.

Tema: Museus, Memória e Movimentos Sociais.


Apresentação do Programa Mais Cultura e do PAC da Cultura - Mário Chagas
Apresentação sobre Museus, Educação e Movimentos Sociais.

Mais do que democratizar o acesso aos museus, é preciso democratizar a ferramenta museu.

Reinicio da Apresentação dos Participantes

Luiz Antônio – CEASM

Gisele Morim – Barra Mansa – Divulga a música sertaneja, dança, a catira, folia de reis, tem aula de dança, violão, viola. Faz parte do Conselho Cultural do Município de Barra Mansa.

Roberto –Associação dos Sertanejos de Barra Mansa e Região

Beatriz Paiva – Museu da Comlurb – É a nova diretora, quem tinha ido às outras reuniões era a Patrícia Coimbra, e distribuiu folhetos de divulgação.

Luiz Fortunato – Borel, Salgueiro, Chácara do Céu, e da ONG Roda Viva, que atende a 600 crianças. (Convidado a apresentar trabalho na próxima reunião)

Marko Andrade – Nós queremos implantar um Ponto de Cultura
Namai Mendes - Cantora
Bruno Monteiro – Cama Setorial de Artes Visuais – Eu vi na sua fala vários aspectos que nós discutimos lá, varias coisas muito pertinentes. O Álvaro disse pra eu vir, participar da reunião, que ele achou que tinha a ver. Eu quero estar presente no Fórum. A memória é um ponto fundamental para pensarmos um país melhor.

Álvaro Maciel – Dia oito, nos pilotis do Palácio Gustavo Capanema, no segundo andar, é a abertura da Mostra Projéteis de Arte Contemporânea. É arte contemporânea, mas de qualquer maneira uma coisa está ligada à outra, nada é isolado. No Chapéu Mangueira e na Babilônia, nosso desafio é levar a mensagem da cultura. Várias entidades se organizam para atentar para essa necessidade.

Waldemir – ABM – Estamos com um projeto junto com o pessoal de Caxias. O objetivo é garantir o direito à memória e o direito ao trabalho também. O objetivo desse projeto é discutir o acesso à educação, saúde e cultura.

Rita – ABM – Coordenadora do projeto que trabalha a inclusão social através da fotografia

Viviane – Bolsista da Mirian Sepúlveda e trabalha no projeto do Ecomuseu da Ilha Grande

Sérgio Noronha – Museus da RFFFSA – Barão de Mauá, estação Leopoldina. Estamos recuperando o acervo da ferrovia que está se perdendo. O prédio foi abandonado pela Supervia. A gente briga para trazer a tona essas questões de preservação, levar cursos de restauração, nós temos o espaço. Nós temos um projeto de fazer o percurso cultural dos museus de São Cristóvão. Temos auditório, recursos, etc, podemos disponibilizar.

Rafael – pesquisador – projeto de cooperação Brasil / África do Sul – Estava em contato com o Carlinhos e com o Museu da Maré, estavam estabelecendo uma parceria. Uma das propostas é esse projeto dos Museus de Consciência por vários países. Vocês podem entrar no site, é:

http://www.sitesofconscience.org/

Keila Cristina – ARCA

Andréa Garcia – Centro Cultural da Justiça Federal

Mauricio Fabiano – Sociólogo – Ação da Cidadania – o Centro Cultural Ação da Cidadania é uma ação criada pelos comitês de voluntários que são os espaços de leitura. A nossa luta é pelo acesso à cultura, contra o analfabetismo e pela educação de qualidade – isso tudo junto gera cidadania.

Ludmila – DA Museologia

Aline - DA Museologia - é muito interessante estar aqui nesta reunião porque nós temos o “rebanho”, temos os alunos, as pessoas para trabalhar. Acho que muitos alunos se interessariam em participar das atividades.

Mariana – Estagiária do DEMU

Lucas – Estagiário do DEMU

Maria do Socorro - Arca – Duque de Caxias

Dolores Tavares – Museu de Arte Sacra de Cabo Frio – Minha presença aqui é por conta da descaracterização cultural que sofre Cabo Frio. A nossa questão agora é tentar salvar o que resta da nossa região. Ainda tem muita coisa, beleza natural, a ser preservada. Queria convidá-los a ir lá, apresentar trabalho lá.

A idéia é que o museu seja um pólo de difusão cultural. A Marlucia diz que é só marcar.

Eu queria perguntar com relação ao Conselho Municipal de Cultura. Lá existe um conselho, mas muitas vezes é manipulado pela secretaria, por questões políticas, e os segmentos da cultura ficam de fora. Queria dar a sugestão da participação deles.

Marina – Arquiteta do DEMU
Marcio Rangel – Ministrou a oficina em Caxias

Marisa – Lembra ao Mário da conversa com a arqueóloga sobre o sambaqui

Antônio Augusto – Caxias - A discussão do Conselho é muito presente lá.

Mario Chagas – Acho que ano que vem poderemos fazer o roteiro

Marlucia – A gente divide tudo, faz uma “vaquinha”, sai mais barato pra cada um.

Fátima – Duque de Caxias – professora do município, trabalho com centro de pesquisa.

Marlucia – Centro de Referencia de Duque de Caxias e Rede

Joana D´ Arc – Professora da Unirio – Militante do Tortura Nunca Mais, tese de doutorado sobre a chacina de Vigário Geral. Agora trabalha com políticas de preservação da memória da ditadura militar. A gente está pensando em memória lá no Tortura Nunca Mais. Agora o espaço Niemeyer cedeu um local. Além da prática, nós estamos vendo questões teóricas interessantes.

Marlucia – Deixo um pedido de oficina de museografia, nós queremos montar exposições, e precisamos da técnica.

Mario finaliza – temos o encontro em dezembro, em Recife. No começo do ano, programamos outra reunião se possível em Caxias. Podemos também preparar um conjunto de textos para ler e discutir, sobre movimentos sociais e teoria museológica.

Em Caxias podemos entrar numa discussão mais profunda.

Segunda Reunião da Rede Museus,Memória e movimentos sociais

Mario Chagas – Coordenador Técnico do DEMU - Estamos aqui hoje na mesa com Cícero Almeida do DEMU e Adolfo Samyn, que é presidente da ABM. Nós fizemos uma memória da reunião passada, vocês podem dar uma olhada para ter idéia do que aconteceu, é claro que o processo foi realizado sem gravador, portanto é só um registro que dê conta do que aconteceu.

Na reunião de hoje nós pensamos em começar pela proposta do Museu da Maré. Quando eles chegarem, terão alguns minutos para apresentar. Alem disso pretendemos avançar em alguns pontos:

Pensamos em uma formação para as pessoas que trabalham com movimentos sociais. Não se trata de uma formação acadêmica, mas sim de oficinas, cursos, etc. Um trabalho que aproxime Ministério da Cultura - MinC, a universidade, os movimentos sociais, sempre buscando pessoas que possam facilitar a realização dessas oficinas. Então hoje a pauta é: Ouvir a maré, discutir a questão da capacitação, e que também tenhamos um espaço de reflexão sobre o que estamos realizando, e posteriormente pensar em um seminário, além do que foi previsto na reunião anterior, a troca de experiências entre as pessoas.

Iniciamos então as apresentações:

Marisa Rosário – Duque da Caxias

Cecília coelho –

Isaias Bruno - Presidente da Associação de Moradores do Morro da Babilônia no Leme e professor do Ensino Fundamental

Ana Araújo- jornalista do Viva Rio, tem um site Viva Favela que fala sobre comunidade

Joana – Pesquisadora do Museu Casa do Pontal

Joana - Produção cultural e desenvolvimento institucional

Gabriela – Programação visual e artista plástica

Fabiano – D.A. de museologia

Adolfo - ABM

Luiz Antonio - Museu da Maré, formado em história

Claudia – Museu da Maré e professora de história

Nira - COB

Fernanda - Revista Bienarte

Cristina Arruda - Professora de jornalismo da Faculdade Helio Alonso e Mestre pelo Mestrado em Memória Social e Documento Unirio

Tânia Amaro - Diretora do Instituto de História de Duque de Caxias, Centro de Referência de Historia da Baixada Fluminense

Antonio Augusto Brás - Associação de Amigos e Núcleo Histórico de Duque de Caxias

Ana Paula - Casarão Cultural dos Prazeres - ele é um casarão que já foi várias coisas, estava em ruínas e a pedido dos moradores dos Prazeres, foi revitalizado e hoje em dia tem aulas de artes, entre outras oficinas

Marlucia - do Centro de Referencia de Duque de Caxias e Professora de História e pesquisadora sobra temas da Baixada Fluminense

Márcia - Centro de Pesquisa Memória e Historia de Duque de Caxias

Marina - Arquiteta do DEMU

Cícero - Museólogo do DEMU e professor da Unirio

fim da apresentação

Mario Chagas - passamos agora à apresentação de experiência da maré.

Antes disso tenho uma proposta: Nós fomos a Petrópolis, e tivemos um encontro com o governador Sergio Cabral, e mencionamos essa reunião. Aquele foi um encontro tranqüilo e pudemos relatar algumas experiências. O curioso foi a reação do governador. Ele solicitou uma agenda com as comunidades, ele quer encontrar as comunidades, pensamos em construir uma agenda para maio ou para junho, para que ocorram visitas às comunidades, a algumas articulações podem surgir daí. Ele sinalizou que gostaria de fazer esse roteiro e nós podemos auxiliar. Se houver sensibilização para esse trabalho, pra nós é o que interessa. Se ele quiser se aliar a esse projeto, pra nós não tem problema, poderá ser bom.


APRESENTAÇÃO DO MUSEU DA MARÉ


Mario Chagas - Depois da apresentação da Maré, algumas considerações:

O museu da maré não é um museu histórico, não tem essas configurações. O acervo é interessante porque quer contar uma história, eles procuraram em arquivos, e solicitaram a participação dos moradores.

Acho que ficou clara a possibilidade de intercâmbio, eles podem receber e enviar exposições, trocar experiências e serviços, de exposição por exemplo. O museu do pontal vai receber a exposição da Maré. O MNBA também, a Babilônia também poderia fazer, isso estimula o debate. Eles não mostraram, mas quando o Museu foi inaugurado, o pior preconceito foi visto. Os jornais falavam que estavam glamurizando os traficantes, que era coisa do PT, que estava incentivando as favelas. E não tinha nada a ver com PT. Tem o apoio do MinC sim, mas aconteceria de qualquer forma, independente do governo. Hoje em dia o Museu esta aí.

Bom, podemos ver quem se dispõe a participar da formação, quem quer receber, quem quer ministrar, receber oficinas, os grupos podem intercambiar as propostas, os representantes da unirio, e outras pessoas, a Marcele que está chegando da Rede de Educadores de Museus, o Luiz Antonio da ABM, o Julio Mourão da Funarte, Marco Andrade que é musico do Panela de Pressão e poeta, o pessoal do Museu da Pessoa.

A idéia é falar que cursos e oficinas podem ser dados, depois o seminário e as parcerias.


-quem???? - No ano passado nós fizemos uma proposta de curso pra Caxias, o pessoal da Favela Hype, e a gente pensou em fazer um curso, nós temos o espaço físico, elaboração de projetos, organização de exposição.

Joana - No pontal nos dias 13 e 14 de abril, nós teremos seminários sobre o tema “Histórias do Cotidiano”, voltada para educadores. Em junho tem “A arte Popular e Universos Populares”. A gente vai lançar um caderno de restauro em arte popular. Não é exatamente um manual, mas é a nossa experiência, e esse caderno poderia gerar outras atividades. Ele será lançado em agosto e distribuído parceria com a Unesco,

Mário Chagas – mesmo quando o museu é criado sem acervo, o acervo vem com o tempo. E o que fazer com isso? É uma questão prática.

Joana – as pessoas tem desejos, idéias, mas falta pessoas com perfil que tenham acesso aos mecanismos de fomento, etc. Por isso a idéia de um curo sobre elaboração de projetos. Posso me dispor a dar a oficina de projetos. Enquanto demanda, a gente pensa muito na área da comunicação, e trabalhamos com as comunidades perto, com mamulengos, música, e a gente quer aprender mais sobre suporte digital.

Mario – o Pontal disponibiliza os seminários que já acontecerão, é só agendar os grupos. A partir de setembro, alem do caderno de conservação, poderiam ser ministradas oficinas nesse sentido, e também oficina de elaboração de projetos. E gostariam de uma palestra ou oficina de comunicação digital.

Álvaro Maciel - Nós fazemos parte de um projeto, a Benedita inclusive fez um trabalho lá, dona Agostinha disponibiliza um galpão. Nossa dificuldade é essa nova tecnologia museal, porque a preservação da memória tem que ser praticada cotidianamente, tudo foi feito no braço, sem projeto e sem verba. O jovem é voluntário e acaba indo embora, e a gente fica com projetos, mas sem pessoas pra trabalhar. Tem uma rádio comunitária, uma rede de computadores, mas é difícil sem um projeto que banque. Para mobilizar a comunidade, seria legal ter cursos e palestras.

Presidente - parabeniza o trabalho da Maré, e tem afinidades, a gente construiu o jornal a voz da comunidade, mas são projetos isolados e a historia está lá, é preciso desenvolver. A gente precisa de ajuda. Nós temos o espaço e poderíamos receber cursos. O prédio esta lá. Tanto para área de memória e museu como também na capacitação do jovem interessado, para que ele possa desenvolver esse trabalho. Estamos abertos a receber, tem que pegar as lideranças e levar lá.

Gabriela Bota a Cara / UNE – nós temos um grupo de trabalho que oferece oficina de grafite – bota a cara – também de programação visual, etc.

Antonio Augusto – a luta é pela defesa do patrimônio, e por conta disso tem um congresso regional de professores e pesquisadores da baixada. O grupo discute as políticas de proteção do patrimônio , historia, memória, fazemos um convite direto a vocês. Nós temos os trabalhos de campo, e vamos a vários lugares da baixada dependendo do interesse do estudo. Se a gente arruma uma condução, a gente pode ir às comunidades, montamos um roteiro de atividades.

Marlucia Museu Vivo - Nós temos alguns roteiros, para discutir meio ambiente, ou sambaqui, patrimônio tombado, favela, etc. roteiro do museu vivo de xerém e museu vivo de são bento. Nós também fazemos pegando os caminhos do ouro, que tem vestígios do período colonial e desperta interesse na preservação desse patrimônio.

Vamos organizar uma ida, escolher a data, conseguir o ônibus, e fazemos esse roteiro

Marlucia - Temos 200 professores fazendo curso.

Joana – seria legal fazer seminário, juntar isso em um seminário itinerante,e cada comunidade receberia uma parte do seminário.

Mario – a idéia das visitas, pode ser assim. A próxima reunião poderia ser em outro lugar, temos só que estudar as viabilidades. O seminário ambulante é legal

Cuca –o movimento de memória do movimento estudantil, e agora cm o cuca, já temos a preocupação com o acervo, e agora vi sair a exposição, a nossa experiência ainda é muito embrionária, a gente quer aprender, com as outras experiências, tudo que é relacionado com projetos,... o que temos pra oferecer nós temos técnica de montagem de espetáculos, uma oficina bem pratica, de montagem de exposição.
Nira – no outro encontro eu falei da visita ao pavãozinho, nós levamos a exposição de fotos e atletas, e ex-atletas, foi muito legal. Quando acabou, a Alessandra de Guaxindiba falou que pediu para as crianças desenharem uma praça ideal, e todas desenharam algo com esporte. Ai nós pensamos em levar uma exposição que fale dos valores olímpicos, a maioria dos atletas e o publico são de comunidades, depois dos jogos eu me comprometo em realizar algo desse tipo. Agora eu estou enrolada com o PAN

Cecília a de Caxias – temos 15 anos, trabalhamos sempre por conta própria, e difícil,mas temos avançado. Nós trabalhamos com exposições e temos dificuldades técnicas. Trabalhamos também com a questão acadêmica, de formar professores. Outro ponto e o ensino de historia, aconteceu em Seropédica, do congresso foi tirado o tema baixada fluminense comunidade e cultura. Por exemplo. E historias da baixada, tem patrimônio, te grupos de capoeira, bumba meu boi, e sempre muito pesado, de varias universidades publicas e particulares, o necessário pra nos e sabe fazer projetos e mudar a cara das nossas exposições. também alguém para cuidar do acervo.
Mário – essa ida a Caxias poderia ser para maio. É um mês delicado, mas se possível poderia ser na semana dos museus, mas como muitas pessoas viajam, pode ser que fique difícil. O Cícero fica responsável por isso. Nos faríamos uma oficina em Caxias, com 1 ou 2 pessoas para elaboração de projetos. Temos muita gente q trabalha com isso, uma oficina pratica, formulário, orçamento, etc. isso seria para junho. Iniciamos com essa e depois vamos crescendo. O museu da pessoa podia tentar suprir essa demanda de comunicação digital.

Márcia - Cento de memória e historia da educação gostaria de sugerir um adendo de como montar exposições permanente.
Museu da pessoa –museu virtual de historia de vida, já e uma rede internacional, mas surgiu no Brasil. Memórias temáticas de imigrantes, tem projetos q a gente faz a pesquisa, com historia ora. Brasil memória em rede. Essa metodologia de memória oral, no mp, esta disponível na Internet, tem guias no site, de projetos em comunidades, Brasil memória em rede, desde 2004 uma rede de memória enquanto instrumento de desenvolvimento, memória da educação, instituição, etc. tem uma iniciativa edição do redescobrimento, a idéia e que se faca uma expedição a outras comunidades. E uma expedição que facão trocas de experiências, um fórum, que toque. – Brasil memória em rede – e legal de todos participarem, juntar as duas redes.

Marta – eu represento os alunos de museologia e sugiro que nos podemos contribuir na questão técnica, acho q muitos alunos se interessariam.

Com relação a comunicação digital, tem um projeto no chapéu mangueira, registra depoimentos orais dos moradores, e isso fica guardado. Eu trouxe um projeto de audiovisual dentro do Chapéu Mangueira que seria interessante. O mec também oferece oficinas um radio comunitária, a facha e onde se oferece as oficinas em época de férias – botafogo – eu enquanto pessoa tenho uma disciplina de documentação, de construção de documentos, metodologia, eu me ofereço, se você precisa de alguém que fale de documento inclusive audiovisual.


1 – organizar a visita em Caxias, em maio ou não

2 – organizar também em Caxias oficina de elaboração de projetos para junho

3 – conversar sobre comunicação com o Adolfo

4 – no 2 semestre um debate amplo sobre esse tema mm sociais, nos seriamos participantes e chamaríamos outras pessoas. Tem q ver a agenda, depois de setembro.

5 - o grupos

6- a agenda futura

Finalização
Precisamos verificar a agenda

Na ultima reunião foi informado – será lançado um edital especifico para pontos de cultura que trabalhem com memória. Pontos de cultura / demu. Possivelmente em maio ou junho. E uma área q o ministério percebeu que e uma iniciativa que deu certo.

A agenda nos vamos construir com o governador visitando as comunidades.

Agora vamos ao seminário e na agenda futura.

Adolfo – ABM – nós temos interesse em movimentos sociais, Waldemir, Rita, Luiz Antonio, etc. nos temos 5 membros da chapa que se candidata na próxima eleição. Nos acreditamos na apropriação da museologia como movimento. A ABM pode contribuir, e incorporar a rede ao sistema que já temos, nos cursos a gente tem perspectiva de criar cursos que atendam a necessidade particular de cada um dos espaços. Percebemos que tem uma concentração do rio de grande rio, e precisamos ampliar para outros lugares. A ABM se compromete a atender essa demanda de cursos, e todos podem se associar. Já temos um programa de cursos.



Seminário –

Fabiano – divulgar a oficina dia 28, 29 30 sobre museu memória e cidadania, podem se inscrever pelo e-mail.



Marcele – rede de educadores de museus- 70 profissionais e 24 instituições estamos abertos para contatos, e importante congregar a rede, nos temos profissionais que podem oferecer cursos, temos seminários para agosto, e o primeiro encontro da rede ,obj e tentar encontrar no interior, reunir os profissionais 20 e 30 de agosto, terão palestras, etc. a pagina vai ser lançada no dia. Os encontros mensais, e podemos contribuir na organização de vocês, nos temos uma trajetória com relação a rede. A estrutura já esta montada –REM – rede educadores de museus – retoma antigas iniciativas, agora se consolidou, ela coordena, reúne educadores de museus de vários lugares, fez trabalho de discussão de textos, e agora estão partindo para seminário, boa parte são professores, e eles são o publico



Marisa Caxias –sambaquis em Caxias q foram descobertos, a obra da washinton Luiz passou por cima e tem um são bento, nos pedimos para o governo, mas nada foi feito, estava abandonado, agora com esse curso que estamos fazendo sobra a historia de Caxias. Nos fomos lá e ficamos assustados com a destruição, tem vários barracos, um senhor esta loteando o terreno, esta sendo destruído. A idéia cada loja e 7 mil. Estamos querendo juntar o dinheiro para comprar os terrenos. A idéia e comprar e depois convidar os índios de Angra dos Reis para fazer uma oca para exposição, e chamar os arqueólogos para ir para lá. Estamos entregando um documento para entidades, buscando apoio.



Cícero – pensar para breve essa oficina sobre elaboração de projetos, e m demanda urgente

Mônica – cursos voltados especificamente para esse edital de memória dos pontos de cultura.

Cícero – não esta democratizado, alem dos projetos contemplados estarem do eixo rio são Paulo, se estabeleceu uma cadeia de profissionais de elaboração de projetos, e a lei rouanet acabou sendo usada como ferramenta das grandes empresas, os editais acabam suprindo a necessidade do local.

Mario – esses projetos não são divulgados. Os pontos de cultura ate q foram um pouco divulgado. Mas existe o casa Brasil do ministério de ciência e tecnologia que e o mesmo sistema dos pontos de cultura, tem que passar por ciência e tecnologia. Mas eles passam pelas ciências sociais.

Memória da reunião da Rede Museus, Memória e Movimentos Sociais - 23/01/2007

Inicio da Reunião

José do Nascimento Junior (diretor do Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN) - O objetivo deste encontro é reunir pessoas que trabalham com movimentos sociais, visando o desenvolvimento de ações concretas no campo da memória, do patrimônio e dos museus e a criação de uma rede temática de grande capilaridade

Mário de Souza Chagas (Coordenador Técnico do Departamento de Museus e Centros Culturais IPHAN) - O museu é uma ferramenta, é um lápis ou um computador, não é um fim em si. Algumas pessoas ainda associam museus a grupos de elite, mas hoje existem museus com outros perfis, que se assumem como práticas sociais. Em nosso entendimento o museu pode contribuir para o desenvolvimento das comunidades populares e os movimentos sociais. Para isso a ferramenta museu precisa ser democratizada. Só assim, ela contribuirá para o enfrentamento das questões sociais contemporâneas, e para preservação da memória dos movimentos sociais.

No DEMU nós imaginamos a reunião de hoje da seguinte forma: cada uma das pessoas presentes se apresenta e fala um pouco do seu trabalho, da sua instituição, e depois passamos para a construção de uma agenda onde poderemos pensar em ações que promovam o intercâmbio com o coletivo. Assim, as pessoas vão se conhecendo e trocando experiências.

Apresentação dos participantes

Ângela Mascelani (Diretora da Casa do Pontal) - Para fazer proposta, as pessoas têm que se preparar para que a agenda aconteça efetivamente, além da idéia, é preciso que ela tenha como se viabilizar.

Mario Chagas - Teremos que fazer novas reuniões que progressivamente possibilitem um maior nível de organização. O objetivo é reunir as pessoas e ‘medir a temperatura’, ver o que as pessoas querem, quais são as necessidades.

Vânia (Museu de Folclore) - Devemos voltar às instituições com as propostas levantadas, e na próxima reunião, voltar com a resposta da instituição.

Patrícia Coimbra (Museu da Limpeza Urbana do Caju) - Lá no Caju nós já temos trabalhos voltados às comunidades, concordo que tenham outras reuniões para o surgimento de novas propostas.

José Luiz (SEBRAE / economia criativa) - Trabalho com o Museu da Maré, com artesãs, e na vila do João com resgate da cultura negra. Outra instituição é o centro de memória da Rocinha.

Joana D’ Arc (professora da Unirio, Programa de Pós Graduação em Memória Social) - A parceria é boa até para que surja uma futura linha de pesquisa.

Regina Abreu (Unirio) – O “Favela Tem Memória” foi ótimo porque as pessoas que não conheciam o trabalho de outros grupos passaram a se relacionar. A experiência do Museu da Maré tem mexido muito com muita gente, é preciso valorizar a memória dos lugares que costumam ser esquecidos. O que é importante deste encontro, é que nós da universidade queremos nos aproximar das comunidades, atuar junto aos movimentos sociais. Foi feito inclusive um curso de extensão em parceria com o DEMU, onde foram trabalhados temas concretos, a Ângela Mascelani com o tema “Gestão em Museus e as OSCIPs”, a Vera Tostes falou do MHN, e começamos a perceber que há um interesse das pessoas em aprender com a experiência alheia. No II Fórum Nacional de Museus, em Ouro Preto, teve um seminário que ensinava com enquadrar em Lei Rouanet, em fim, temos que levantar as necessidades técnicas, operacionais, procurar experiências bem sucedidas, os museus de favela tem um potencial enorme, esses são apenas alguns pontos.

Mauriléia (Condutores de Memória - Borel) - Nós trouxemos, inclusive panfletos do nosso projeto que levantamos a memória das favelas da grande Tijuca. A nossa proposta é modificar determinadas questões através da memória. O nosso projeto é criar um Centro de Memória de toda a Tijuca, não só favelas, diminuindo assim, as desigualdades.

Luiz Antonio (Museu da Maré) - A nossa proposta e caminhar com o grupo, o Museu da Maré quer se articular,tem vários parceiros aqui, a articulação cria tentáculos dentro e fora da maré, as atividades não ficam dentro das comunidades, extrapola para o entorno, Manguinhos, subúrbios, é uma via de mão dupla, e este é um caminho para que a vias se multipliquem.

Nira Lima (Museu Olímpico Brasileiro) - O Comitê Olímpico Brasileiro está trabalhando para criar o MOB- Museu Olímpico Brasileiro. Museu é uma ferramenta assim como o esporte. No Departamento Cultural do MOB, nós aproveitamos os eventos esportivos para levar palestras, seminários. O COB organiza um evento chamado olimpíadas escolares, em outras cidades descentralizadas, e foi interessante, o nosso departamento assumiu a parte cultural. Dessa forma a criança tem acesso ao objeto simbólico do esporte que ela pratica, para a criança isso é importante, principalmente uma exposição, um bate papo sobre cultura, o esporte como dimensão social e sociabilidade.

Mario Chagas - Este é um espaço de trocas múltiplas e diversas relações, por isso é importante a participação de diversas instâncias, governo, universidade, comunidade, empresas, organizações não governamentais, indivíduos, etc.

Leandro (MAC e Ponto de Cultura) - Trabalho com jovens envolvendo cinema e vídeo. Essa articulação da reunião de hoje é importante para se pensar uma Rede. Dentro do MAC nós temos um projeto com a comunidade do entorno e teremos um núcleo dentro das comunidades, eu trouxe folder do projeto Arte Ação Ambiental

Álvaro Maciel (morador do Morro da Babilônia, vizinha do Chapéu Mangueira) - A Maré é uma comunidade que está sendo muito falada hoje em dia, e o Chapéu Mangueira já foi assim, tem uma história tremendamente rica, o Che Guevara esteve lá em uma reunião secreta. É importante contar a história das favelas, já que ninguém fala disso, as ruas só tem nomes de general, etc. Na Babilônia eu era vice-presidente, nós temos um prédio lá com várias salas vazias que podem ser disponibilizadas para atividades, queremos ensinar aos jovens a ter esse amor, esse estímulo de preservação da sua história.

Denise Lima (Ação Comunitária do Brasil – Maré, Vila do João e Cidade Alta) - Trabalho com gastronomia, moda, marcenaria, serigrafia, etc. Nós temos um trabalho voltado para a cultura africana, grupos de berimbau, e então desenvolvemos a coreografia, os bailarinos dançaram com os bailarinos de Ruanda, isso valoriza o trabalho das comunidades.

Isaura Maciel (Fundação São Joaquim de Assistência Social) - Sem valorizar a memória o ser humano não pode ser educado, não chega à cidadania.

Marlúcia (Município de Duque de Caxias) - Ligada aos movimentos sociais, Associação de Moradores, etc. Começamos a estudar História e vimos que lá não se fala em história, o resgate da memória foi esquecido. A partir daí criamos uma Associação de Professores Pesquisadores que foram para o mestrado pesquisar sobra a historia da região, trabalhar com depoimentos de moradores, etc. e a rede começou a se ampliar. As memórias valorizadas costumavam ser ufanistas, elitistas, mas o movimento camponês, as comunidades, os centros de candomblé e umbanda, essas memórias orientam a nossa produção, mas não estavam na academia. O movimento foi crescendo e, durante uma greve, chegamos a pedir o tombamento de uma casa, que nós chamamos de Museu a Céu Aberto. Na região existem vestígios de homens de vários tempos diferentes, desde os sambaquis até as favelas, reunindo vários tempos e realidades. Nós queremos fazer trabalho de campo na Baixada Fluminense e aquelas áreas que tem relações com a gente. A gente sai de ônibus, visitando os lugares. A partir daí, surgiu a criação do Centro de Referência do Município de Duque de Caxias, que apesar de todos os problemas, estão acontecendo cursos, e agora em março vai ter exposição.

Regina Santiago (Diretora de Cultura do Município de Tanguá) - A gente veio pedir ajuda, buscar parcerias, e a gente quer resgatar a história e memória local, mas o trabalho ainda esta tímido por falta de recursos, nós queremos buscar parcerias, temos pouco acervo mas queremos ajuda para criar um Centro de Memória.

Cristina Bruno (Museu de Arqueologia e Etnologia- USP) - Nós temos diversos programas, meu interesse é como professora, eu ministro cursos extracurriculares de museologia popular. Eu tive uma oportunidade de um projeto de museu da cidade para são Paulo, com esse tipo de museologia.

Ruth (Condutores de Memória – Borel) - Queremos fazer trocas de experiência e queremos também criar um centro de memória

Lucas (Casa do Pontal ) - Há 10 anos temos atividades com escolas públicas do Rio de Janeiro e ultimamente, depois dos Pontos de Cultura, existe um desejo de trabalhar com as comunidades do entorno do Museu de forma contínua, vão surgindo questões interessantes como por exemplo a Folia de Reis, estimulando a sociedade local a querer voltar a fazer a Folia de Reis, que talvez volte esse ano. Também deixo um folder do Museu.

Vanilda Campos (Presidente da ONG IDIS – Instituto de Desenvolvimento e Inclusão Social) - Eu vim pedir socorro! Nós participamos de um edital e ganhamos - Casa Brasil, em Vigário Geral que trabalha com inclusão digital. Todos conhecem Vigário Geral, mas existem coisas que as pessoas não conhecem, como o Zezinho do Ouro, ele era bandido e hoje é empresário, tem empresas levando atividade para lá, mas a mídia não fala, a intenção da Casa Brasil é a qualificação, tem espaço de exposição, ginásio, etc.

Lucas (Museu Casa do Pontal) - O Museu tem projeto de exposição itinerante que circula junto com o projeto educativo. As inscrições estão abertas para agendar.

Ligia Segala (Laboratório de Educação Patrimonial UFF) - Nós percebemos que era recorrente como aprendemos a desaprender sobre a cultura brasileira... Cultura brasileira é o que mesmo?...Por isso acho importante a preservação. Abrimos cursos sobre patrimônio, memória, com vagas para outros alunos que não são da Universidade, e daí começam a acontecer projetos de diferentes áreas, projeto de extensão com o Museu de Arqueologia de Itaipu (DEMU/IPHAN) com museus de Niterói com um trabalho mais sistemático, também procuramos levar nossos alunos a outros lugares, casa de artistas, museus, bibliotecas, para que eles tenham uma formação mais larga. Também acolhemos exposições, seminários, um movimento circular, as informações entram e saem, uma vez por mês nós temos um acontecimento, nós temos alguns projetos em andamento em São Gonçalo, Guaxindiba, que trabalham com saberes tradicionais em área rural, saberes de construção em terra. Nós agora retomamos o Varal de Lembranças na Rocinha, que era do tempo que eu alfabetizava adultos lá, nós agora vamos tratar esse material e disponibilizar para consulta pública.

Ana Cristina (Mestrado Unirio, tese sobre a preservação da memória do Chapéu Mangueira) - A gente registra a narrativa dos idosos da comunidade em vídeo, e tem como objetivo mobilizar e promover a reflexão dos mais jovens. O Chapéu Mangueira é muito rico em histórias, tem um balcão de artes para crianças de 0 a 99 anos, que trabalham com argila, etc., e que favorece muito as idéias que estão sendo expostas aqui

Alessandra Norato (pedagoga Guaxindiba) - Eu vivi no bairro e agora eu vou às escolas e conto historias com um livro de tecido. Tivemos como resultado, um movimento de reivindicação de uma praça para o local, as crianças fizeram um abaixo assinado, os pais entraram. Mas precisamos de ajuda.

Joana D’Arc - A minha tese de doutorado foi sobre a Chacina de Vigário Geral e fiquei muitos anos lá, acompanhando o processo, morei lá, tenho jornais e muito material sobre o assunto.

Maristela Pessoa (Santa Teresa) - Trabalhamos com a ressignificação do objeto, discutindo a questão do consumo, do descarte, fizemos oficinas para terceira idade, recolhemos depoimentos, desenvolvemos trabalhos com a Jac Carrara, e trabalhamos com o SEBRAE, com artesãos, com o resgate da identidade, e por conta do SEBRAE, eu conheci algumas comunidades, a Maré, o Observatório das Favelas, eles tem um banco de imagem. O trabalho deles reverte a imagem que a sociedade tem de favela, deixando de ser só lugar de violência. Esse grupo aqui hoje, tem coisas em comum, podemos trocar experiências.

Nádia (Pesquisadora da Bulgária) - Faço doutorado em Nova York, estudei sobre os centros culturais em Cuba e agora faço uma pesquisa acadêmica sobre o Museu da Maré, e possivelmente vou comparar com o Museu a Céu Aberto da Providência.

Victor Chagas (jornalista Overmundo) - Overmundo é um site colaborativo, o maior site colaborativo do Brasil. O diferencial é que temos correspondentes voluntários ou regulares em todo os estados do Brasil, recebemos, por exemplo, o contato do MIS do Pará, para um projeto de restauração. O endereço é www.overmundo.com.br.

Claudia (tese doutorado Museu Imperial) - A proposta é de tratar a memória não só como memória institucionalizada, e também das comunidades.

Moana (Casa do Pontal - ciclo de pesquisa) - É importante trazer a sociedade para dentro do museu, e as pessoas terem uma noção maior sobre cultura popular.

Nascimento Júnior - Não existe projeto de nação sem projeto de memória. O museu é uma ferramenta, não para uso das elites. O museu deve constituir as memórias, não só as das elites.

Luiz Antônio (ABM) - As comunidades, as universidades, todos estão fazendo e discutindo memória independente do curso, a sociedade está se organizando e mostrando para o Estado que estão se desenvolvendo independente dele. A ABM não é só de museólogos, e não é só de museus e centros culturais. Não é a memória da favela, é a memória do povo, da ocupação urbana, memória do Brasil, a gente não pode desvincular. Está mais do que na hora das escolas começarem a desenvolver disciplinas sobre patrimônio cultural, e nas universidades, formar os profissionais para trabalharem nesse processo. As pessoas estão começando a formar as organizações. As pessoas tem o verbo mas não tem a verba. A rede facilita a busca desses recursos.

Morgana (estudante coordenadora do RENEMU) - Congrega os estudantes de museologia no Brasil. Nós nos colocamos a disposição, para ajudar, e incorporar essa linguagem dentro da universidade.

Mario Chagas - É importante esse rito inicial da apresentação. O objetivo a seguir é identificar alguns pontos, possibilidades de troca. Identificamos a necessidade de formação especifica para lidar com esse campo. Tudo indica que existe um acordo no sentido de marcarmos outras reuniões, consolidar a rede.

Valdemir (ABM) - O Museu da Resistência surgiu de um debate, sobre museologia e poder, eu tinha um pensamento radical, de que o museu tradicional não poderia servir à democratização, e o Mario dizia que era possível usar as brechas institucionais. O Museu da Resistência era sobre os movimentos de lutas pelas quais passou o Brasil. Não seria um museu, não seria um espaço físico. Seria um fórum, de debate de idéias, e depois chegamos à conclusão que seria uma rede. Atuamos em diversas frentes. Outro dia, o Mário me perguntou o que sobrou disso? Vocês têm registro? O registro não era o fundamental. O acervo do museu são idéias. Será possível atuar nas brechas? Sendo esta a rede como algo permanente, porque não, fazer um museu de idéias? Mantendo a individualidade das ações, mas ao mesmo tempo mantendo as interligações.

Regina Santiago (Município de Tinguá) - Existem implicações práticas para conseguir financiamento, escrever o projeto para enquadrar e conseguir liberação de recursos, e isso muitas vezes é uma dificuldade.

Lucas - É importante saber o que é o projeto. Não adianta ter a capitação de recursos. Tem que identificar corretamente o objeto.

Nira (COB) - O COB pode apoiar, participar levando esporte para a comunidade. Nós fomos procurados pelo Pavão Pavãozinho e Cantagalo e nós levamos uma exposição de fotos e também alguns atletas aposentados e atletas novos, foi importante para as crianças. Eu sempre aproveito para falar sobre o esporte brasileiro, me coloco a disposição de todos para ir as comunidades levando o esporte.

Nascimento Júnior - O MNBA trabalhou em conjunto com o Museu da Maré, vai levar uma exposição de Dijanira. O MOMA vai a maré em junho, então o MNBA tem que fazer isso antes.

Mário Chagas - É importante que as ações no local tenham um potencial multiplicador, que reúna outras pessoas. Nós temos uma rede de pessoas dispostas, que querem fazer, desenvolver, são capazes, e elas acreditam em um Brasil mais participativo.

Luiz Antonio (Maré) - Entrando na dinâmica da rede, quando a gente trabalha com museu, é um trabalho que lida com um espaço de visitação, mas no caso da Maré é um espaço de trabalho de memória, com arquivo, tem a situação do museu, mas existe um trabalho antes dele, além dos arquivo de fotos, vídeo, história oral, contação de história, entrevista com moradores antigos, exposições itinerantes. Essas trocas são anteriores e possibilitaram o surgimento o Museu.

Álvaro Maciel (Chapéu Mangueira) - Lá tem condições de a gente estabelecer um curso. Foram dois alunos de museologia e eu recebi eles na minha casa, dei melancia com abacate. Falta de verba. Quando nós falamos de projetos, existem de 50.000 mil na Petrobras, a gente não tem como articular isso por nós mesmos, tem que se adequar às ações, tem rádio comunitária, tem prédio com salas vazias, etc., mas temos que tirar o diagnóstico das comunidades.

Nascimento Júnior - É importante que outras comunidades também façam como a Maré. É fundamental multiplicar essa experiência, isso é o “Pontos de Cultura”. O importante é a sustentabilidade social, a Maré existe antes do “Ponto de Cultura”, antes do MinC. Mais importante do que sustentabilidade financeira, é a social. Nós podemos colocar um “link” na página do Sistema Brasileiro de Museus, para que todos os projetos sejam disponibilizados e assim possamos divulgar o que está acontecendo. A Revista Musas, que é de reflexão, podemos fazer um dossiê sobre essas experiências, sobre memórias populares. Quem tiver interesse em uma oficina de restauração de fotografia, nós podemos articular com a Funarte, já que a fotografia é a base muitas vezes de manutenção da memória. A Funarte tem boas oficinas que orientam como conservar o suporte do papel fotográfico de forma criativa, barata e eficiente. Esse momento é um momento de reflexão sobre o que nós já fizemos nesses quatro anos. O que nos estimula é trabalhar com a realidade múltipla, respeitando as características de cada lugar e de cada grupo. Com os Pontos de Cultura a gente já tem 30 museus, agora está na hora de fazer o processo inverso, abarcar as instituições populares.

Mario Chagas - Uma coisa importante, nós operamos com uma noção de desestímulo do gueto. Não se trata de estimular movimentos que queiram se guetificar, por que o gueto é auto destrutivo. Os grupos dominantes querem que os movimentos se tornem guetos, porque isso os enfraquece, fora da disputa geral, só resta a briga interna. Se existe preconceito com as favelas, também existe preconceito com os museus. Eles são vistos como instrumentos das elites. Mas fazem parte do nosso patrimônio, e nós temos direito a essa herança, a essa memória. O Museu não é um instrumento de um grupo social, é de quem lançar mão.

Carlinhos (Maré) - Nós temos trabalhos para fazer, estamos chamando o governo para diálogo, e as outras pessoas, na Maré as coisas deram certo porque tem abertura com o DEMU, tem dialogo com a comunidade, e agora a gente pode dar passos mais firmes. Gostaria de saudar a iniciativa.

Claudia Rose (Maré) - Essa é uma iniciativa que não para aqui, nós reunimos experiências com o ISER, com o Favela Tem Memória, o encontro foi positivo, mas essa proposta vai além da troca de experiência. A proposta é que vire uma Rede e que se desenvolva para além disso. A ferramenta como o lápis, o dia que não servir a gente joga fora, mas agora nos serve. O Carlinhos lembrou bem: têm universidade, governo, comunidades, mas faltou a iniciativa privada!

Nascimento Júnior - A reunião está formada, mas o trabalho de articulação e de mobilização continua.

Reunião realizada no Ed. Gustavo Capanema, Rio de Janeiro - RJ, em 23/01/2007.

Declaração de Quebec - Princípios de base de uma Nova Museologia - 1984

Introdução

Um movimento de nova museologia tem a sua primeira expressão pública e internacional em 1972 na “Mesa- Redonda de Santiago do Chile” organizada pelo ICOM. Este movimento afirma a função social do museu e o caráter global das suas intervenções.

Proposta

1. Consideração de ordem universal

A museologia deve procurar, num mundo contemporâneo que tenta integrar todos os meios de desenvolvimento, estender suas atribuições e funções tradicionais de identificação, de conservação e de educação, a práticas mais vastas que estes objetivos, para melhor inserir sua ação naquelas ligadas ao meio humano e físico.

Para atingir este objetivo e integrar as populações na sua ação, a museologia utiliza-se cada vez mais da interdisciplinariedade, de métodos contemporâneos de comunicação comuns ao conjunto da ação cultural e igualmente dos meios de gestão moderna que integram os seus usuários.

Ao mesmo tempo que preserva os frutos materiais das civilizações passadas, e que protege aqueles que testemunham as aspirações e a tecnologia atual, a nova museologia – ecomuseologia, museologia comunitária e todas as outras formas de museologia ativa – interessa-se em primeiro lugar pelo desenvolvimento das populações, refletindo os princípios motores da sua evolução ao mesmo tempo que as associa aos projetos de futuro.

Este novo movimento põe-se decididamente ao serviço da imaginação criativa, do realismo construtivo e dos princípios humanitários definidos pela comunidade internacional. Torna-se, de certa forma, um dos meios possíveis de aproximação entre os povos, do seu conhecimento próprio e mútuo, do seu desenvolvimento cíclico e do seu desejo de criação fraterna de um mundo respeitador da sua riqueza intrínseca.

Neste sentido, este movimento, que deseja manifestar-se de uma forma global, tem preocupações de ordem científica, cultural, social e econômica.

Este movimento utiliza, entre outros, todos os recursos da museologia (coleta, conservação, investigação científica, restituição, difusão, criação), que transforma em instrumentos adaptados a cada meio e projetos específicos.

2. Tomada de posição

Verificando que mais de quinze anos de experiências de nova museologia – ecomuseologia, museologia comunitária e todas as outras formas de museologia ativa – pelo mundo foram um fator de desenvolvimento crítico das comunidades que adotaram este modo de gestão do seu futuro.

Verificando a necessidade sentida unanimemente pelos participantes nas diferentes mesas de reflexão e pelos intervenientes consultados, de acentuar os meios de reconhecimento deste movimento;

Verificando a vontade de criar as bases organizativas de uma reflexão comum e das experiências vividas em vários continentes;

Verificando o interesse em se dotar de um quadro de referência destinado a favorecer o funcionamento destas novas museologias e de articular em consequência os princípios e meios de ação;

Considerando que a teoria dos Ecomuseus e dos museus comunitários (museus de vizinhança, museus locais...) nasceu das experiências desenvolvidas em diversos meios durante mais de 15 anos.

É adotado o que se segue:

A - que a comunidade museal internacional seja convidada a reconhecer este movimento, a adotar e a aceitar todas as formas de museologia ativa na tipologia dos museus;

B - que tudo seja feito para que os poderes públicos reconheçam e ajudem a desenvolver as iniciativas locais que colocam em aplicação estes princípios;

C - que neste espírito, e no intuito de permitir o desenvolvimento e eficácia destas museologias, sejam criadas em estreita colaboração as seguintes estruturas permanentes:

• Um comitê internacional “Ecomuseus/ Museus comunitários” no quadro do ICOM (Conselho Internacional de Museus);

• Uma federação internacional da nova museologia que poderá ser associada ao ICOM e ao ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios), cuja sede provisória será no Canadá;

D - que seja formado um grupo de trabalho provisório cujas primeiras ações seriam: a organização das estruturas propostas, a formulação de objetivos, a aplicação de um plano trienal de encontros e de colaboração internacional.

Quebec, 12 de Outubro de 1984. Adotado pelo I Atelier Internacional

Ecomuseus/ Nova Museologia

Definição de Sociomuseologia( Mário Moutinho)

Definição evolutiva de Sociomuseologia - Proposta de reflexão.

Mário C. Moutinho

A Sociomuseologia traduz uma parte considerável do esforço de adequação das estruturas museológicas aos condicionalismos da sociedade contemporânea.

A abertura do museu ao meio e a sua relação orgânica com o contexto social que lhe dá vida, têm provocado a necessidade de elaborar e esclarecer relações, noções e conceitos que podem dar conta deste processo.

A Sociomuseologia constitui-se assim como uma área disciplinar de ensino, investigação e actuação que privilegia a articulação da museologia em particular com as áreas do conhecimento das Ciências Humanas, dos Estudo dos do Desenvolvimento, da Ciência de Serviços e do Planeamento do Território.

A abordagem multidisciplinar da Sociomuseologia visa consolidar o reconhecimento da museologia como recurso para o desenvolvimento sustentável da humanidade, assente na igualdade de oportunidades e na inclusão social e económica.

A Sociomuseologia assenta a sua intervenção social no património cultural e natural, tangível e intangível da humanidade.

O que caracteriza a Sociomuseologia não é propriamente a natureza dos seus pressupostos e dos seus objectivos, como acontece em outras áreas do conhecimento, mas a interdisciplinaridade com que apela a áreas do conhecimento perfeitamente consolidadas e as relaciona com a Museologia propriamente dita.

As preocupações fundamentais da Sociomuseologia há muito que se encontram descritas em numerosos documentos elaborados dentro e fora da Museologia.

A titulo de exemplo pode-se referir a Declaração de Santiago do Chile de 1972, a Declaração de Quebec (MINOM) 1984, a Convenção sobre a protecção e promoção da diversidade das expressões culturais (UNESCO), 2005, a Convenção para a salvaguarda do património imaterial (UNESCO) 2003, Convenção do Património Mundial, A Protecção do Património Mundial Cultural e Natural, UNESCO – Paris, 1972, Em todos este documentos aparece um traço de continuidade que indica claramente o alargamento das funções tradicionais da museologia e o papel que deverão assumir na sociedade contemporânea.


1- Entre essas preocupações deve ser referido o carácter global (planetário) dos problemas relacionados com a valorização e protecção do Património Cultural e Natural no quadro de uma visão nacional e internacional não só pela natureza dos problemas mas também pela necessidade de assentar politicas que ultrapassam os limites nacionais e afectam regiões ou em muitos casos dizem respeito ao próprio planeta no seu todo.

Este entendimento resulta em parte da necessidade de envolver recursos humanos, financeiros e legais científicos e técnicos que ultrapassam claramente a responsabilidade local ou nacional. (Convenção do Património Mundial, A Protecção do Património Mundial Cultural e Natural, UNESCO – Paris, 1972)

2- O reconhecimento que as questões do desenvolvimento também têm vindo a ser consideradas aos níveis local, nacional e internacional não só pela natureza das questões mas também pelo carácter alargado do princípio da sustentabilidade que obviamente não só ultrapassa as fronteiras como também exige soluções globalmente sustentáveis.

Neste contexto as soluções implicam abordagens multifacetadas e assentes no princípio da participação que não são específicas de um só grupo social mas que ao contrário assentam na participação e no compromisso individual e colectivo. Cultura e desenvolvimento são cada vez mais elementos de uma responsabilidade Social onde assenta a intervenção museal

3- Também é largamente reconhecido que todas as sociedades estão em permanente mudança pelo que a actuação dos museus deverá assentar nessa própria mudança sempre que procura deter um papel socialmente interveniente.

Que o museu é uma instituição a serviço da sociedade, da qual é parte integrante e que possui nele mesmo os elementos que lhe permitem participar na formação da consciência das comunidades que ele serve; que ele pode contribuir para o engajamento destas comunidades na acção, situando suas actividades em um quadro histórico que permita esclarecer os problemas atuais, isto é, ligando o passado ao presente, engajando se nas mudanças de estrutura em curso e provocando outras mudanças no interior de suas respectivas realidades nacionais; (Mesa Redonda de Santiago do Chile, ICOM, 1972)

4- Os museus são cada vez instituições entendidas como entidades prestadoras de serviços, pelo que necessitam crescentemente de envolver os conhecimentos das áreas da gestão da inovação, do marketing, do design e das novas tecnologias da informação e da comunicação. Estas áreas do conhecimento trazem para os museus factores de melhoramento da qualidade da relação dos Museus com os seus públicos e/ou utilizadores para a qual se aplicam as ferramentas de avaliação da qualidade.

Estas abordagens essenciais mas efectuadas parcelarmente encontram agora numa nova área de conhecimento geralmente denominada por Ciência de Serviços, Gestão e Engenharia. (SSME). Esta área propõe-se reunir e articular de forma consistente os trabalhos em curso no domínio da informática, da engenharia industrial, da estratégia empresarial, das ciências de administração, das ciências sociais e cognitivas e das ciências jurídicas de modo a desenvolver as competências requeridas por uma economia orientada e assente cada vez mais na produção e uso de serviços. Esta área do conhecimento visa o entendimento transversal de outras áreas que por si só atingiram um desenvolvimento considerável, mas que raramente são objecto de entendimento articulado e dialéctico.

Mais do que uma função propriamente técnica que resulta do entendimento do museu com uma instituição ao serviço dos objectos museológicos os Museus são cada vez mais entendidos como instituições prestadoras de serviços e neste sentido devendo ser compreendidas como qualquer outra actividade de Serviços. A museologia e os museus (no seio da economia dos serviços culturais) ocupam cada vez mais um lugar de destaque na economia dos serviços em geral, a qual representa actualmente 50 a 70% do PIB dos países mais desenvolvidos e um lugar crescente na maioria dos outros países.

5- A actuação dos recursos humanos envolvidos nas diversas e ampliadas funções dos museus carecem cada vez mais de formação aprofundada que ultrapassa as tradicionais formações técnicas que esgotam a actuações dos museus centrados exclusivamente sobre as suas colecções. As Curricula Guidelines for Professional Development actualmente em processo de revisão no seio do ICOM dão claramente conta multiplicidade dos campos de formação de modo a cobrir todas as áreas onde o Museu se afirma como áreas de trabalho. De forma resumida a Declaração do ICTOP de Lisboa 1994 já anunciava este novo processo de revisão da formação dos trabalhadores dos museus.

Os programas de formação museológica devem oferecer oportunidades de formação que visem o preenchimento das necessidades imediatas e das expectativas da comunidade museológica para muni-la de uma programação pró-activa em vez de uma instrução reactiva; (…),

Os programas de formação museológica devem preparar formandos, a todos os níveis, para desempenharem mais elevados papéis de liderança, estimulando a investigação intelectual, a interacção imaginativa, e soluções corajosas para aplicar a práticas e actividades museológicas, bem como transmitindo um senso de responsabilidade ética, profissional e social;

(Declaração de Lisboa, Resoluções da Comissão Internacional de Formação de Pessoal de Museus - ICTOP/Universidade Lusófona, 1994)

Esta proposta de definição da Sociomuseologia mais do que um puro exercício gramatical pretende na verdade chamar atenção para toda uma vasta área de preocupações, métodos e objectivos que dão cada vez mais sentido a uma museologia cujos limites não cessam de crescer. A visão restritiva da museologia como técnica de trabalho orientada para as coleções, tem dado lugar a um novo entender e práticas museológicas orientadas para o desenvolvimento da humanidade.

E é exactamente para esta realidade, fruto da articulação de áreas do saber que cresceram por vezes fora da museologia mas que progressivamente se tornaram recursos incontornáveis para o desenvolvimento da própria Museologia, que a definição de Sociomuseologia se revela poder ser um contributo que ajuda a compreender processos e definir novos limites.

Assim entendido a Sociomuseologia assume-se como uma nova área disciplinar que resulta da articulação entre a demais áreas do saber que contribuem para o processo museológico contemporâneo. Entre o paradigma do Museu ao serviço das colecções e o paradigma do Museu ao serviço da sociedade está o lugar da Sociomuseologia

Lisboa, Setembro 2007,XIII Atelier Internacional do MINOM, Lisboa Setúbal

Mesa-Redonda de Santiago do Chile - ICOM, 1972

I. Princípios de Base do Museu Integral

Os membros da Mesa-Redonda sobre o papel dos museus na América Latina de hoje, analisando as apresentações dos animadores sobre os problemas do meio rural, do meio urbano, do desenvolvimento técnico-científico, e da educação permanente, tomaram consciência da importância desses problemas para o futuro da sociedade na América Latina.

Pareceu-lhes necessário, para a solução destes problemas, que a comunidade entenda seus aspectos técnicos, sociais, econômicos e políticos. Eles consideraram que a tomada de consciência pelos museus, da situação atual, e das diferentes soluções que se podem vislumbrar para melhorá-la, é uma condição essencial para sua integração à vida da sociedade. Desta maneira, consideraram que os museus podem e devem desempenhar um papel decisivo na educação da comunidade.

Santiago, 30 de Maio de 1972.

II. Resoluções adotadas pela Mesa-Redonda de Santiago do Chile

1. Por uma mutação do museu da América Latina,

Considerando:

• Que as transformações sociais, econômicas e culturais que se produzem no mundo, e, sobretudo em um grande número de regiões em via de desenvolvimento, são um desafio para a Museologia;

• Que a humanidade vive atualmente em um período de crise profunda; que a técnica permitiu à civilização material realizar gigantescos progressos que não tiveram equivalência no campo cultural; que esta situação criou um desequilíbrio entre os países que atingiram um alto nível de desenvolvimento material e aqueles que permaneceram à margem desta expansão e que foram mesmo abandonados ao longo de sua história; que os problemas da sociedade contemporânea são devidos a injustiças, e que não é possível pensar em soluções para estes problemas enquanto estas injustiças não forem corrigidas;

• Que os problemas colocados pelo progresso das sociedades no mundo contemporâneo devem ser pensados globalmente e resolvidos em seus múltiplos aspectos; que eles não podem ser resolvidos por uma única ciência ou por uma única disciplina; que a escolha das melhores soluções a serem adotadas, e sua aplicação, não devem ser apanágio de um grupo social, mas exigem ampla e consciente participação e pleno engajamento de todos os setores da sociedade;

• Que o museu é uma instituição a serviço da sociedade, da qual é parte integrante e que possui nele mesmo os elementos que lhe permitem participar na formação da consciência das comunidades que ele serve; que ele pode contribuir para o engajamento destas comunidades na ação, situando suas atividades em um quadro histórico que permita esclarecer os problemas atuais, isto é, ligando o passado ao presente, engajando-se nas mudanças de estrutura em curso e provocando outras mudanças no interior de suas respectivas realidades nacionais;

• Que esta nova concepção não implica na supressão dos museus atuais, nem na renúncia aos museus especializados, mas que se considera que ela permitirá aos museus se desenvolverem e evoluírem da maneira mais racional e mais lógica, a fim de melhor servir à sociedade; que, em certos casos, a transformação prevista ocorrerá lenta e mesmo experimentalmente, mas que, em outros, ela poderá ser o princípio diretor essencial;

• Que a transformação das atividades dos museus exige a mudança progressiva da mentalidade dos conservadores e dos responsáveis pelos museus assim como das estruturas das quais eles dependem; que, de outro lado, o museu integral necessitará, a título permanente ou provisório, da ajuda de especialistas de diferentes disciplinas e de especialistas de ciências sociais.

• Que por suas características particulares, o novo tipo de museu parece ser o mais adequado para uma ação em nível regional, em pequenas localidades, ou de médio tamanho;

• Que, tendo em vista as considerações expostas acima, e o fato do museu ser uma "instituição a serviço da sociedade, que adquire, comunica, e notadamente expõe, para fins de estudo, conservação, educação e cultura, os testemunhos representativos da evolução da natureza e do homem", a Mesa-Redonda sobre o papel do museu na América Latina de hoje, convocada pela UNESCO em Santiago do Chile, de 20 a 31 de maio de 1972,

Decide de uma maneira geral

• 1. Que é necessário abrir o museu às disciplinas que não estão incluídas no seu âmbito de competência tradicional, a fim de conscientizá-lo do desenvolvimento antropológico, sócio-econômico e tecnológico das nações da América Latina, através da participação de consultores para a orientação geral dos museus;

• 2. Que os museus devem intensificar seus esforços na recuperação do patrimônio cultural, para fazê-lo desempenhar um papel social e evitar que ele seja dispersado fora dos países latino-americanos;

• 3. Que os museus devem tornar suas coleções o mais acessível possível aos pesquisadores qualificados, e também, na medida do possível, às instituições públicas, religiosas e privadas;

• 4. Que as técnicas museográficas tradicionais devem ser modernizadas para estabelecer uma melhor comunicação entre o objeto e o visitante; que o museu deve conservar seu caráter de instituição permanente, sem que isto implique na utilização de técnicas e de materiais dispendiosos e complicados, que poderiam conduzir o museu a um desperdício incompatível com a situação dos países latino-americanos;

• 5. Que os museus devem criar sistemas de avaliação que lhes permitam determinar a eficácia de sua ação em relação à comunidade;

• 6. Que, levando em consideração os resultados da pesquisa sobre as necessidades atuais dos museus e sua carência de pessoal, a ser realizada sob os auspícios da UNESCO, os centros de formação de pessoal existentes na América Latina devem ser aperfeiçoados e desenvolvidos pelos próprios países; que esta rede de centros de formação deve ser completada e sua influência se fazer sentir no plano regional; que a reciclagem de pessoal atual deve ser garantida em nível nacional e regional; e que lhe seja dada a possibilidade de aperfeiçoamento no estrangeiro.

Em relação ao meio rural

Que os museus devam, acima de tudo, servir à conscientização dos problemas do meio rural, das seguintes maneiras:

• a) Exposição de tecnologias aplicáveis ao aperfeiçoamento da vida da comunidade;

• b) Exposições culturais propondo soluções diversas ao problema do meio social e tecnológico, a fim de proporcionar ao público uma consciência mais aguda sobre estes problemas, e reforçar as relações nacionais, a saber:

i. Exposições relacionadas com o meio rural nos museus urbanos;

ii. Exposições itinerantes;

iii. Criação de museus de sítios.

Em relação ao meio urbano

Que os museus devam servir à conscientização mais profunda dos problemas do meio urbano, das seguintes maneiras:

• a) Os "museus de cidade" deverão insistir de modo particular no desenvolvimento urbano e nos problemas que ele coloca, tanto em suas exposições quanto em seus trabalhos de pesquisa;

• b) Os museus deverão organizar exposições especiais ilustrando os problemas do desenvolvimento urbano contemporâneo;

• c) Com a ajuda dos grandes museus, deverão ser organizadas exposições, e criados museus em bairros e nas zonas rurais, para informar os habitantes das vantagens e inconvenientes da vida nas grandes cidades;

• d) Deverá ser aceita a oferta do Museu Nacional de Antropologia do México, de experimentar, através de uma exposição temporária sobre a América Latina, as técnicas museológicas do museu integral.

Em relação ao desenvolvimento científico e técnico

Que os museus devem levar à conscientização da necessidade de um maior desenvolvimento científico e técnico, das seguintes maneiras:

• a) Os museus estimularão o desenvolvimento tecnológico, levando em consideração a situação atual da comunidade;

• b) Na ordem do dia das reuniões dos ministros de educação e (ou) das organizações especialmente encarregadas do desenvolvimento científico e técnico, deverá ser inscrita a utilização dos museus como meio de difusão dos progressos realizados nestas áreas;

• c) Os museus deverão dar enfoque à difusão dos conhecimentos cinetíficos e técnicos, por meio de exposições itinerantes que deverão contribuir para a descentralização de sua ação.

Em relação à educação permanente

Que o museu, agente incomparável da educação permanente da comunidade, deverá acima de tudo desempenhar o papel que lhe cabe, das seguintes maneiras:

• a) Um serviço educativo deverá ser organizado nos museus que ainda não o possuem, a fim de que eles possam cumprir sua função de ensino; cada um desses serviços será dotado de instalações adequadas e de meios que lhe permitam agir dentro e fora do museu;

• b) Deverão ser integrados à política nacional de ensino, os serviços que os museus deverão garantir regularmente;

• c) Deverão ser difundidos nas escolas e no meio rural, através dos meios audiovisuais, os conhecimentos mais importantes;

• d) Deverá ser utilizado na educação, graças a um sistema de descentralização, o material que o museu possuir em muitos exemplares;

• e) As escolas serão incentivadas a formar coleções e a montar exposições com objetos do patrimônio cultural local;

• f) Deverão ser estabelecidos programas de formação para professores dos diferentes níveis de ensino (primário, secundário, técnico e universitário).

As presentes recomendações confirmam aquelas que puderam ser formuladas ao longo dos diferentes seminários e mesas-redondas sobre museus, organizadas pela UNESCO.

Pela criação de uma Associação Latino Americana de Museologia

Considerando

• Que os museus são instituições a serviço da sociedade, que adquire, comunica e, notadamente, expõe, para fins de estudo, educação e cultura, os testemunhos representativos da evolução da natureza e do homem;

• Que, especialmente nos países latino-americanos, eles devem responder às necessidades das grandes massas populares, ansiosas por atingir uma vida mais próspera e mais feliz, através do conhecimento de seu patrimônio natural e cultural, o que obriga frequentemente os museus a assumir funções que, em países mais desenvolvidos, cabem a outros organismos;

• Que os museus e os museólogos latino-americanos, com raras exceções, sofrem dificuldades de comunicação em razão das grandes distâncias que os separam um do outro, e do resto do mundo;

• Que a importância dos museus e as possibilidades que eles oferecem à comunidade ainda não são plenamente reconhecidas por todas as autoridades, nem por todos os setores do público;

• Que durante a oitava e a nona conferência geral do ICOM, que ocorreram, respectivamente, em Munique em 1968, e em Grenoble em 1971, os museólogos latino americanos que estiveram presentes indicaram a necessidade de criação de um organismo regional;

A Mesa-Redonda sobre o papel dos museus da América Latina de hoje, convocada pela UNESCO em Santiago do Chile, de 20 a 31 de maio de 1972,

Decide:

1. Criar a Associação Latino Americana de Museologia (ALAM), aberta a todos os museus, museólogos, museógrafos, pesquisadores e educadores empregados pelos museus com os objetivos e através das seguintes maneiras:

• Dotar a comunidade regional de melhores museus, concebidos à luz da experiência adquirida nos países latino americanos;

• Constituir um instrumento de comunicação entre os museus e os museólogos latino americanos;

• Desenvolver a cooperação entre os museus da região graças ao intercâmbio e empréstimo de coleções e ao intercâmbio de informações e de pessoal especializado;

• Criar um organismo oficial que faça conhecer os desejos e a experiência dos museus e de seu pessoal aos membros da profissão, à comunidade a qual eles pertencem, às autoridades e a outras instituições congêneres;

• Afiliar a Associação Latino Americana de Museologia ao Conselho Internacional de Museus, adotando uma estrutura na qual seus membros sejam ao mesmo tempo membros do ICOM;

• Dividir, para fins operacionais, a Associação Latino Americana de Museologia em quatro seções correspondentes provisoriamente às regiões e países seguintes:

- América Central, Panamá, México, Cuba, São Domingos, Porto Rico, Haiti e Antilhas Francesas.

- Colômbia, Venezuela, Peru, Equador e Bolívia.

- Brasil.

- Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.

2. Que os abaixo-assinados, participantes da Mesa-Redonda de Santiago do Chile, se constituem em Comitê de Organização da Associação Latino Americana de Museologia, e notadamente em um Grupo de Trabalho composto de cinco pessoas, quatro dentre elas representando cada uma das zonas acima enumeradas, e a quinta desempenhando o papel de coordenador geral; que este Grupo de Trabalho terá como objetivo, no prazo máximo de seis meses, elaborar o Estatuto e os regulamentos da associação; definir com o ICOM as formas de ação conjunta; organizar eleições para a constituição dos diversos órgãos da ALAM; estabelecer a sede desta associação, provisoriamente, no Museu Nacional de Antropologia do México; compor este grupo de trabalho com as seguintes pessoas, representando suas zonas respectivas:

- Zona 1: Luis Diego Pígnataro (Costa Rica),

- Zona 2: Alicia Durand de Reichel (Colômbia),

- Zona 3: Lygia Martins Costa (Brasil), e

- Zona 4: Grete Mostny Glaser (Chile); coordenador: Mario Vasquez (México).

Santiago, 31 de Maio de 1972.

III. Recomendações apresentadas à UNESCO pela Mesa-Redonda de Santiago do Chile

À Mesa-Redonda sobre o papel do museu na América Latina de hoje, convocada pela UNESCO em Santiago do Chile, de 20 e 21 de maio de 1972, apresenta à UNESCO as seguintes recomendações:

• 1. Um dos resultados mais importantes a que chegou a mesa-redonda foi a definição e a proposição de um novo conceito de ação dos museus: o museu integral, destinado a proporcionar à comunidade uma visão de conjunto de seu meio material e cultural. Ela sugere que a UNESCO utilize os meios de difusão que se encontram à sua disposição para incentivar esta nova tendência.

• 2. A UNESCO prosseguiria e intensificaria seus esforços para contribuir com formação de técnicos de museus - tanto no nível de ensino secundário quanto ao do universitário, como ela tem feito, até agora, no Centro Regional "Paul Coreanas".

• 3. A UNESCO incentivará a criação de um Centro Regional para a preparação e a conservação de espécimes naturais, do qual o atual Centro Nacional de Museologia de Santiago poderá se constituir em núcleo original. Além de sua função de ensino (formação técnica) e de sua função profissional no campo da museologia (preparação de conservação de espécimes naturais), e de produção de material de ensino, este Centro Regional poderá desempenhar um papel importante na proteção das riquezas naturais.

• 4. A UNESCO deverá conceder bolsas de estudo e de aperfeiçoamento para técnicos de museus com instrução de nível secundário.

• 5. A UNESCO deverá recomendar aos ministérios de Educação e de Cultura e (ou) aos organismos encarregados de desenvolvimento científico, técnico e cultural, que considerem os museus como um meio de difusão dos progressos realizados naquelas áreas.

• 6. Em razão da importância do problema da urbanização na América Latina e da necessidade de esclarecer a sociedade a este respeito, em diferentes níveis, a UNESCO deverá encorajar a redação de um livro sobre a história, o desenvolvimento e os problemas das cidades na América Latina, o qual seria publicado sob forma de obra científica e sob forma de obra de divulgação. Para atingir um público mais vasto, a UNESCO deverá produzir um filme sobre esta questão, adequado a todos os tipos de público.

Definição Evolutiva de Ecomuseu ( por George - Henri Riviere)

« Um ecomuseu é um instrumento que um poder e uma população fabricam e exploram juntos. Este poder, com os especialistas, as instalações, os recursos que fornece. Esta população, de acordo com suas aspirações, seus saberes, suas competências.

Um espelho onde esta população se olha, para se reconhecer, onde ela procura a explicação do território onde vive, onde viveram as populações precedentes, na descontinuidade ou na continuidade das gerações. Um espelho que esta população mostra aos visitantes, para ser melhor compreendida, no respeito do seu trabalho, dos seus comportamentos, da sua intimidade.

Uma expressão do homem e da natureza. O homem interpretado no seu meio natural. A natureza interpretada no seu estado selvagem, mas também na medida em que a sociedade tradicional e a sociedade industrial adaptaram-na à sua imagem.

Uma expressão do tempo, quando a explicação remonta a tempos anteriores à aparição do homem, passando pelos tempos pré-históricos e históricos que ele viveu, chegando ao tempo em que ele vive hoje. Com uma abertura para o tempo de amanhã, sem que, no entanto, o ecomuseu se coloque como quem decide, mas desempenhando um papel de informação e análise crítica.

Uma interpretação do espaço. Espaços privilegiados, onde parar, onde caminhar. Um laboratório, na medida em que contribui ao estudo histórico e contemporâneo desta população e do seu meio e favorece a formação de especialistas nestas áreas, em cooperação com instituições de pesquisa de fora.

Um conservatório, na medida em que ajuda na preservação e valorização do patrimônio natural e cultural desta população.

Uma escola, na medida em que associa esta população às suas ações de estudo e proteção, em que estimula uma melhor percepção dos problemas do seu próprio futuro.»

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

... Mário Oliveira Santos, de 57 anos, cabo reformado do Exército, morador há 48 anos da favela Roquete Pinto, no Complexo da Maré (Zona Norte do Rio),  comprou há 30 seu barraco de madeira. E garante: não vende, não aluga, nem dá sua casinha pra ninguém.

Quando um vizinho pergunta por que ele não constrói uma casa de tijolo, ou não se muda, Mário fecha a cara e responde: “Não devo nada a ninguém. Estou conservando a minha história e a memória da minha família”. (fragmento do artigo “Paredes que falam” , de Begha Lindemberg e Cristiane Ramalho -
www.vivafavela.com.br - 16/08/2005 )